Conservação de animais é um tema que me fascina! Reproduzir um animal e soltá-lo é (
relativamente) fácil, mas a medicina da conservação vai muito além disso. São necessários estudos geográficos, de fauna local, de doenças das populações selvagens.... tudo isso e mais um pouco visando proteger o animal e o ambiente onde ele será reintroduzido.
Com o declínio da população selvagem de rinocerontes negros, comecei a ler sobre os esforços de reintrodução de animais reproduzidos em zoológicos. Como já disse, a medicina da conservação é complexa, portanto vou contar sobre uma das dificuldades que os especialistas encontraram durante este projeto.
Rinocerontes negros (
Diceros bicornis) selvagens podem ser
portadores latentes de
Babesia bicornis.
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Capilares do cérebro de um rinoceronte negro infestado com B. bicornis intraeritrocítica |
Há indícios de
estabilidade da doença em populações selvagens, assim como
ocorre em gado. Esta estabilidade
dificulta a
translocação dos animais.
Porque? Bom, zoológicos geralmente tem
programas de
reprodução de "animais ameaçados de extinção", os filhotes nascidos em cativeiro
não são expostos aos
seus parasitas naturais, consequentemente
não criam imunidade.
Se estes animais são
reintroduzidos ao seu habitat natural e têm contato com os parasitas, eles se infectam e podem
vir à óbito por falta de imunidade.
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Rinoceronte sendo transportado por um helicóptero até um veículo em terra. |
Mortes relacionadas à babesiose foram relatadas em vários
rinocerontes negros selvagens no Kenya e na Tanzânia. Os portadores latentes ao passar por um
momento de estresse (
devido à captura, à perda de habitat, doenças concomitantes, gestação, deficiências nutricionais) desenvolvem a doença clínica, o que pode levá-los à morte.
A apresentação da babesiose em carnívoros e ungulados selvagens é similar a do seus "parentes" domésticos, no caso dos rinocerontes
os cavalos.
O que pode ser feito para aumentar a imunidade destes animais contra a
B. bicornis é a
infecção artificial com o parasita específico e o
tratamento com medicamentos "anti-Babesia". Estas são soluções práticas para o problema.
Links interessantes sobre o assunto:
Mais sobre a babesiose em animais domésticos.
Vaccine for Rhino
Paper about Rhino Babesiosis in Namibia
Flying Rhinos
Quem mais aqui gosta de medicina da conservação?
M.V. Verônica Pardini